12.09.2005

Após a recepção de centenas de queixas (o Rui...) que denunciavam a falta de vontade de estar na net a discutir fotografias, imagens, enquadramentos, analisar textos, poemas, etc... concluo que apesar de as maiores procuras de informação na internet incidirem em temas eruditos (fotos, nuas, mulheres), os visitantes deste blogue são extraordinariamente exigentes. O que me apraz...

Assim sendo, e para gáudio de todos (o Rui...) os visitantes deste blogue, apartir deste momento só colocarei imagens de mulheres nuas, cavalos, anões e malabaristas... em poses arrojadas é claro! E sempre com significados metafísicos...

AZUL

Ives Klein, "Antropometria"


AZUL


"Eu era contrário ao Azul.



Eu desconfiava de sua ubiquidade.




Eu era anti-Klein, Yves Klein era um artista cheio de si, um poseur.

Eu costumava dizer que o azul não existe enquanto cor, que o azul do céu é uma ilusão.


Isso, porque o céu não é algo concreto, mas um vazio que - como todos sabem através do fenômeno da noite e das odisséias espaciais - é negro. Se o mar é um reflexo do céu, seu azulado também é uma ilusão - ou pior - uma ilusão de uma ilusão.


O azul do olho é um truque da luz, concebido para sustentar eugenias germânicas. Se você tentasse extrair o azul do olho, não conseguiria.


Impossível reter cristais azuis ou fluido azul na palma da mão. Miosótis são azuis. Bem-me-quer, mal-me-quer azul. Já sinto o azul no cerne azulado da própria flor.


Lápis-lazúli ? Entramos na zona do difícil. O azul foi feito para ser exclusivo da Virgem Maria, colhido das minas longínquas das Montanhas Urais. A quintessência da imaginação religiosa. Jacintos, celacantos, a baleia azul - anomalias, híbridos, quimeras.
Difícil ser contrário ao azul para sempre. (...)".



Este texto é o prefácio que Peter Greenaway escreveu para o romance "Blu", do escritor italiano Giovanni Bogani.